Pesquisadores da Argentina e do Brasil debatem a responsabilidade corporativa e a ditadura na reunião do IPPDH

09 de maio de 2024


Na sexta-feira, 19 de abril, pesquisadores da Argentina e do Brasil debateram no encontro virtual “Pesquisa sobre memória, verdade, justiça e reparação: responsabilidade corporativa e ditadura”, organizado pelo Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH).

A abertura do evento foi feita por Andressa Caldas, Diretora Executiva do IPPDH. O painel incluiu Victoria Basualdo, historiadora e pesquisadora do CONICET-FLACSO, e Marianela Galli, socióloga e pesquisadora, ambas da Argentina, e Pedro Campos, professor de história da UFRRJ, e Edson Teles, pesquisador e professor da UNIFESP e pesquisador do CNPq, ambos do Brasil.

O painel, moderado por Cecilia Batemarco, Diretora de Comunicação e Cultura do Instituto, apresentou brevemente os resultados da pesquisa realizada nesses países sobre a relação entre negócios e ditadura.

Em seu discurso de abertura, a Diretora do IPPDH ressaltou a importância dos processos de memória, verdade, justiça e reparação na agenda do MERCOSUL e destacou o papel das empresas em relação aos direitos humanos, tanto na era ditatorial do passado recente, e anteriormente em relação ao tráfico transatlântico de pessoas, quanto no presente.

A pesquisadora Victoria Basualdo fez uma apresentação sobre responsabilidade corporativa na Argentina e na América Latina, na qual se referiu ao contexto atual e à relevância dessas linhas de análise; à vinculação de setores e à articulação de esforços, à perspectiva interdisciplinar e às implicações em termos de impacto acadêmico e social; e às conexões acadêmicas regionais e à construção de um campo acadêmico, jurídico e ativista de direitos humanos com uma perspectiva internacional.

Em seguida, Pedro Campos apresentou os resultados da investigação sobre o caso Volkswagen e as violações de direitos humanos durante a ditadura no Brasil e a colaboração da empresa com o aparato repressivo.

Por sua vez, Marianela Galli se referiu à dimensão transnacional da responsabilidade corporativa em crimes contra a humanidade contra trabalhadores e delegados sindicais no caso da empresa Fiat no Cone Sul.

Por fim, Edson Teles apresentou o trabalho do Centro de Arqueologia e Antropologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (CAAF/UNIFESP) em relação às investigações sobre a responsabilidade de empresas por violações de direitos durante a ditadura. Ele também abordou os mitos construídos desde o 60º aniversário do golpe de Estado, como o de que a ditadura no Brasil foi apenas militar, que foi contra grupos armados de esquerda e que houve uma ruptura entre a democracia e a ditadura.

O encontro proporcionou um espaço para o intercâmbio entre pesquisadores da região e promoveu a disseminação do conhecimento sobre a relação entre empresas e ditadura, a fim de contribuir para os processos de memória, verdade, justiça e reparação.

As políticas de memória, verdade, justiça e reparação têm sido uma prioridade na agenda de trabalho regional e na do IPPDH desde sua criação, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do Estado de Direito nos Estados Partes, por meio da elaboração e do monitoramento de políticas públicas de direitos humanos, e para a consolidação dos direitos humanos como eixo fundamental da identidade e do desenvolvimento do MERCOSUL.

Essa atividade foi organizada no âmbito das ações de promoção dos direitos humanos por ocasião do dia 24 de março – Dia Internacional do Direito à Verdade sobre Graves Violações de Direitos Humanos e no ano do 60º aniversário do golpe de Estado no Brasil.

Os participantes incluíram professores universitários, pesquisadores, funcionários públicos e estudantes de diferentes países da região, incluindo Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

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Projeto financiado com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL
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