31 de julho de 2023
Em 28 de julho, Remo Carlotto, Diretor Executivo do Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH), recebeu na sede do Instituto, no Espaço Memória e Direitos Humanos ex ESMA, uma delegação de representantes de organizações de familiares de detidos-desaparecidos de 12 países latino-americanos.
Essas organizações estão agrupadas na Federação Latino-Americana de Associações de Familiares de Detidos-Desaparecidos (FEDEFAM) e realizaram seu 19º Congresso nos dias 28, 29 e 30 de julho na Cidade Autônoma de Buenos Aires, com o objetivo de fortalecer a Federação em sua longa luta pela prevenção e erradicação dos desaparecimentos forçados na região.
Durante a reunião, Remo Carlotto fez uma apresentação detalhada do IPPDH, suas funções, seus objetivos e o compromisso institucional que busca contribuir para a identificação e o intercâmbio de experiências e boas práticas, promover a cooperação entre os países em relação à memória, à verdade e à justiça na região e, em particular, capacitar agentes públicos ligados à busca de pessoas desaparecidas, arquivos, educação em direitos humanos, locais de memória, entre outros temas.
Carlotto, ao receber os representantes que compõem a FEDEFAM, assegurou que o IPPDH é o único instituto de direitos humanos nos processos de integração da região e, portanto, tem um espírito de abertura porque o fato de esse Instituto existir é um esforço dos povos da América do Sul, e é por isso que o IPPDH deve estar em permanente conexão e articulação com instituições como a FEDEFAM.
Também assegurou que o IPPDH é uma ferramenta que vem funcionando há muitos anos, é reconhecido e pode manter níveis de diálogo e, nesse contexto, o Instituto está disposto a trabalhar em conjunto com a FEDEFAM com um programa de ação que a Federação possa apresentar ao Instituto.
Por sua vez, os representantes da FEDEFAM agradeceram ao Instituto por tê-los recebido e valorizaram seu papel como Instituto de Direitos Humanos. Ao mesmo tempo, contextualizaram os avanços e desafios dos processos de memória, verdade e justiça em seus países, bem como expressaram o apoio necessário requerido dos processos e mecanismos de integração como o MERCOSUL, em particular para romper o “código de silêncio” que ainda permanece nas instituições militares da região, disse Judith Galarza Campos, da Associação de Familiares de Detidos e Desaparecidos do México.
Federico Tatter, representante dos Familiares de Detidos, Desaparecidos e Assassinados Políticos do Paraguai, disse ao final da visita ao IPPDH que “saímos com muita força e esperança de que ganhamos uma instituição de direitos humanos e vamos interagir para promover ações de incidência junto aos governos para que os direitos humanos sejam respeitados e políticas públicas na área educacional para a capacitação das forças de segurança e órgãos públicos em direitos humanos”.
A reunião contou com a presença de Remo Carlotto, Diretor Executivo do IPPDH; Fernando Navarro, Assessor do IPPDH; María Adela Antokoletz, da Madres de Plaza de Mayo Línea Fundadora; Ernesto Lejderman, da Familiares de Desaparecidos e Detidos por Razões Políticas de Buenos Aires, Argentina; Federico Tatter Radice, de Familiares de Detidos, Desaparecidos e Assassinados por Razões Políticas do Paraguai; Carlota Ramírez Hernández e Sofía Hernández de Marroquín, do Comitê de Familiares de Vítimas de Violações de Direitos Humanos de El Salvador; Judith Galarza Campos, da Asociación de Familiares de Detenidos Desaparecidos de México; Gaby Lucía Rivera Sánchez, da Agrupación de Familiares de Detenidos Desaparecidos de Chile – AFDD; Nila Heredia Miranda, Presidente da Comissão da Verdade da Bolívia, Igor Grabois Olimpio, Victória Grabois e Marcelo Chalréo da organização Tortura Nunca Mais-RJ do Brasil); Martha Ospina Ruiz, Nancy García Villamizar, Rosalba Campos Guevara e Teresa Sanjuán Arévalo do Colectivo 82-Colômbia; Aída Pinto Heredia da Bolívia, entre outros.
A FEDEFAM é uma organização não governamental formada por Associações de Familiares de países da América Latina e do Caribe nos quais foram ou são praticados desaparecimentos forçados de pessoas. A Federação foi fundada em janeiro de 1981 na cidade de San José, Costa Rica, e institucionalizada pelo II Congresso realizado na cidade de Caracas, Venezuela, em novembro do mesmo ano.