200 anos da “Carta da Jamaica”: união e integração, com complementaridade, solidariedade e irmandade

16 de setembro de 2015

200 anos da "Carta da Jamaica”: união e integração, com complementaridade, solidariedade e irmandade200 anos da “Carta da Jamaica”: união e integração, com complementaridade, solidariedade e irmandade

O IPPDH recorda os 200 anos da Carta da Jamaica como primeira expressão da integração latino-americana, fundamentada na garantia de todos os direitos humanos e, como dizia Bolívar, “que dê a maior quantidade de felicidade possível a seus habitantes e nasça do próprio país”.

A Carta da Jamaica foi um dos documentos políticos mais transcendentes escritos pelo Libertador Simón Bolívar. Foi redatada por ele mesmo como resposta a um comerciante britânico que vivia na ilha, o Sr. Henry Cullen, no dia 6 de setembro de 1815 quando se encontrava refugiado em Kingston (Jamaica) após o fracasso militar ocorrido em Nova Granada. O documento recolhe as impressões sobre o ocorrido no continente, desde a chegada dos colonizadores europeus até os acontecimentos que levaram ao surgimento das independências.

Com o passar dos anos, se transformou em um texto político fundamental que expõe, além de sua visão política depois da queda da segunda República, a necessidade de consolidar a união entre as nações da região como uma só pátria.  Também apresenta ideias centrais para compreender a doutrina bolivariana e os complexos matizes da guerra de independência em todo o continente americano.

Para Thiago Gehre Galvão, professor e pesquisador da UNB, doutor em Relações Internacionais, o exílio do libertador em sua passagem por Kingston constituiu um ponto de inflexão no pensamento de Bolívar que gerou uma profunda reorganização estratégica em seu empreendimento independentista, que junto à nova ordem internacional da época e a influência do pensamento ilustrado geraram uma “confluência positiva para transformar esse momento em uma campanha vitoriosa para a emancipação da América Latina”.

Bolívar expressava na carta: “Desejo, mais que qualquer outro, ver formar na América a maior nação do mundo, não tanto por sua extensão e riquezas, quanto por sua liberdade e glória. Ainda que aspire à perfeição do governo da minha pátria, não posso me persuadir de que o novo mundo seja pelo momento regido por uma grande república; como é impossível, não me atrevo a desejá-lo. É uma ideia grandiosa pretender formar de todo o novo mundo uma só nação com um só vínculo, que ligue suas partes entre si e com o todo. Já que têm uma origem, uma língua, uns costumes e uma religião deveriam, portanto ter um só governo que confederasse os diferentes estados que hão de se formar”.

 

A Carta da Jamaica demonstra a grande visão integradora sobre os direitos dos povos americanos e da vigência do pensamento da pátria grande e a necessidade histórica de abordar a defesa da soberania política, econômica e cultural das nações deste continente a partir da união, integração, complementaridade, solidariedade e irmandade que hoje, com a integração do MERCOSUL continua dando avanços e se consolidando.

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Projeto financiado com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL
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