Estados do MERCOSUL contam a história da Operação Condor

19 de novembro de 2015

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Pela primeira vez, países lançam livro com reflexões sobre a coordenação regional que perpetrou violações aos direitos humanos no Cone Sul nos anos 1970 e 1980

A Operação Condor é o exemplo acabado de coordenação regional para perpetração de graves violações aos direitos humanos na América do Sul. Quarenta anos depois da reunião convocada pelos militares da Direção Nacional de Inteligência (Dina), a região vive um contexto de busca da memória, da verdade e da justiça. Esses processos permitem olhar o futuro da região com outro foco, o de integração regional em direitos humanos.

Resultado deste processo de memória, verdade e justiça é a produção do livro “A 40 anos do Condor”. A obra, editada pelo Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos (IPPDH) do MERCOSUL, será lançada às 9h do dia 24 de novembro, em Assunção, Paraguai, durante a XXIIV Reunião de Altas Autoridades em Direitos Humanos (RAADH) do bloco de países. O lançamento será feito no auditório da Corte Suprema de Justiça, em Assunção.

“Se houve uma Operação Condor, hoje existe um processo anti-Condor”, explica o secretário-executivo do IPPDH, Paulo Abrão. Ele diz que o livro implicou o desenvolvimento de uma metodologia participativa de todos os Estados da região. “A obra dá nome às vítimas e permite ao público o conhecimento de suas histórias. Também identifica os lugares onde funcionou a Operação Condor.” Nesses lugares, as vítimas podiam ter três destinos: a eliminação (por assassinato ou desaparecimento forçado), a legalização (colocados à disposição do Poder Judiciário) ou a liberdade.

Ali, os carrascos utilizavam mecanismos de desumanização (como troca de nomes por apelidos ou números, torturas, privação de contato com o exterior ou da visão, alimentação precária, condições climáticas extremas) com os quais, somados ao clima de terror, buscavam privar os prisioneiros de sua identidade política, social e subjetiva.

O livro aborda, ainda, os processos judiciais relacionados à repressão regional abertos em Buenos Aires (Argentina) e Roma (Itália) contra os agentes dos Estados e os civis envolvidos nos crimes de lesa humanidade.

Os autores são familiares de vítimas dos regimes de segurança nacional, pesquisadores, representantes de organizações sociais e funcionários dos Estados.

Operação Condor – Naquele dia 25 de novembro de 1975, os militares do Chile, da Argentina, da Bolívia, do Chile, do Paraguai, do Uruguai e do Brasil iniciaram um pacto de terror. Este acordo entre os serviços de inteligência das ditaduras da região, em luta contra o comunismo, as experiências progressistas e populistas, tinha a Doutrina de Segurança Nacional como contexto. A institucionalização do terror em âmbito regional do terror resultou em mais de 400 mil pessoas presas, 50 mil executadas e 30 mil desaparecidas na região.

Após o lançamento de “A 40 anos do Condor”em Assunção, o livro estará disponível ao público na página www.raadh.mercosur.int

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Projeto financiado com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL
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