Dilma assume presidência do Mercosul

17 de dezembro de 2014

Presidenta tomou posse nesta quarta-feira (17) e afirmou que conta com a ajuda de todos os países integrantes para gerir o bloco.Presidenta tomou posse nesta quarta-feira (17) e afirmou que conta com a ajuda de todos os países integrantes para gerir o bloco.

Nesta quarta-feira (17), a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou que “é uma satisfação e uma honra assumir novamente a Presidência Pro Tempore do Mercosul”.

A declaração foi dada durante a 47ª Cúpula do Mercosul, que está sendo realizada na cidade de Paraná (Argentina).

Ao assumir o cargo, Dilma substitui a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner. “Saúdo o empenho da presidência argentina na condução do Mercosul neste semestre”, disse a presidenta.

Em seu discurso, Dilma celebrou as eleições realizadas no Brasil e no Uruguai, e lembrou que “essa celebração da democracia era impensável na América do Sul poucas décadas atrás”.

Sobre seu mandato, Dilma afirmou que vai aprofundar as discussões sobre o futuro da união aduaneira e a definição de estratégia conjunta de inserção internacional do bloco Econômico.

Dilma também disse que vai aperfeiçoar os mecanismos institucionais do Mercosul. “O Brasil se empenhará de todas as formas para que o Mercosul continue avançando. Conto, nessa empreitada, com a ajuda de todos”, afirmou Dilma.

Além disso, a presidenta ressaltou que um dos pontos fundamentais de sua gestão será a renovação do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem).

“Espero que até o fim de 2015 nós possamos renovar e fortalecer o Focem, essa ferramenta essencial para a nossa integração e para a redução de assimetrias entre nossos Países”, disse.

Atualmente, o Focem executa 45 projetos, que totalizam US$ 1,450 bilhão de dólares em investimentos. Desde 2005, o fundo financia projetos voltados às áreas de energia, infraestrutura, saneamento e habitação.

Economia

Dilma ressaltou o crescimento econômico do Mercosul nos últimos anos. “Fizemos do Mercosul a mais abrangente iniciativa de integração já empreendida na América Latina ─ um projeto ambicioso para alcançar o desenvolvimento econômico com justiça social”, disse

O comércio entre os países do bloco econômico cresceu de US$ 4,5 bilhões para US$ 59,3 bilhões entre 1991, quando foi criado, e 2013. O Mercosul também é o maior destino de Investimento Estrangeiro Direto (IED) na América do Sul, com 62% do total no ano passado, e da América Latina, com 46,7% no mesmo período.

“Nosso comércio é de qualidade, com expressiva participação de bens e serviços de alto valor agregado. Temos de trabalhar ativamente para recuperar a fluidez do comércio intrabloco, buscando soluções conjuntas que permitam retomar a trajetória ascendente de nossas trocas, em ambiente com regras claras, assentadas nas disciplinas comerciais do bloco”, afirmou a presidenta.

Integração e direitos humanos

Dilma também mencionou o aumento da integração entre os governos e mencionou os projetos de livre circulação dos cidadãos dos países pertencentes ao bloco e a unificação das placas automotivas.

“Nossas relações assumiram, nesse novo contexto, dinâmica de ampla cooperação, de propósitos comuns e de inequívoca amizade”, disse a presidenta.

Em relação aos Direitos Humanos, Dilma lembrou a criação do Fórum das Altas Autoridades de Direitos Humanos, em 2004, e da reunião de Autoridades sobre Povos Indígenas, durante a Presidência venezuelana.

Segundo a presidenta, sob a Presidência brasileira, será estabelecida a Reunião Especializada sobre Direitos dos Afrodescendentes. Ainda no tema, Dilma saudou o brasileiro Paulo Abrão, que será o no chefe da Secretaria-Executiva do Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos.

Inclusão Social e crise econômica

Ao citar a relação do Mercosul com a economia global, Dilma lembrou das dificuldades enfrentadas e que ainda estão por vir, principalmente por causa dos efeitos da crise econômica mundial de 2008.

Segundo a presidenta, o modelo de desenvolvimento voltado para a inclusão social adotado na América do Sul atenuou parte os efeitos da crise.

Apesar disso, a Dilma ressaltou que a recuperação econômica mundial não tem tido a força esperada. Segundo dados da OMC, em 2010, o crescimento do comércio mundial era de 12,8%; em 2013, esse montante caiu para 3%.

Entre os fatores para índices tão baixos, a presidenta citou a a lenta recuperação da economia norte-americana, que ainda não reativou o consumo ao nível pré-crise; a baixa expansão da demanda na Europa e no Japão; e a desaceleração da taxa de crescimento na China.

Por outro lado, a presidenta elogiou “a força da atratividade econômica do bloco”. Em 2007, o Mecosul recebia 2% de todo o Investimento Estrangeiro Direto (IED); em 2013, esse patamar subiu para 6%.

Integração com outros blocos

A presidenta também afirmou que o Mercosul necessita se aproximar de outros blocos econômicos, entre eles, a União Europeia e a Aliança do Pacífico. “Intensificaremos o proveitoso diálogo com a Aliança do Pacífico, com a qual tivemos corrente de comércio de 47 bilhões de dólares em 2013”, disse.

Sobre a União Europeia, Dilma afirmou que “cabe agora a Bruxelas concluir suas consultas internas para que possamos definir a data para a troca das respectivas propostas”.

Em relação à América Latina, Dilma lembrou que abordou esse tema na última reunião da Unasul. “Há duas semanas, defendi como ações prioritárias o aprofundamento da integração em infraestrutura e o avanço das discussões para diversificação produtiva e agregação de valor”, disse.

Segundo a presidenta, durante a gestão argentina, foram dados passos concretos nessa direção, por exemplo, a promoção de encontros com empresários dos setores metalmecânico, químico, plástico, têxtil, calçadista, alimentício, de cosméticos, eletrônicos e de tecnologia da informação. Na presidência brasileira, observou Dilma, serão trabalhados os acordos de complementação econômica com Chile, Colômbia, Equador, Peru e México.

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Projeto financiado com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL
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