30 de agosto: Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados

30 de agosto de 2016

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Uma coletiva de imprensa histórica em Assunção marcou, em 30 de agosto, o Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados. Após anos de trabalho da equipe de buscas do Escritório de Memória Histórica e Reparação do Ministério de Justiça do Paraguai, liderado por Rogelio Goiburú, foram divulgados os nomes das primeiras vítimas da ditadura militar, cujas ossadas foram resgatadas e identificadas por meio da genética.

Os restos identificados são de Miguel Ángel Soler, paraguaio detido e desaparecido em Assunção em 30 de novembro de 1975, e Rafaela Giulianna Filipazzi Rosinni, italiana desaparecida em Montevidéu em 26 de junho de 1977 pelas mãos de integrantes da Operação Condor. As escavações foram feitas em 21 de março de 2013, no Paraguai.

Rogelio Giuburú disse que “encontraram os restos de Soler em janeiro de 2006 em uma escavação no pátio do antigo Quartel de Segurança, na periferia ao sul de Assunção, e, no mesmo lugar, desenterramos, em 2012, aos restos que hoje sabemos ser da mulher italiana”.

“Este é um dia histórico para nosso país, que começou há muito tempo, com os familiares, as vítimas sobreviventes, militantes políticos e de direitos humanos”, completou o filho de Agustín Goiburú, desaparecido há mais de 40 anos nas mãos da repressão de Alfredo Stroessner.

Em 2008, a Comissão da Verdade e Justiça, encarregada de investigar as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura paraguaia, apresentou um livro com o nomes de 19.862 pessoas detidas de forma arbitrária ou ilegal durante o regime, 18.772 casos de torturas, 59 execuções extrajudiciais, 336 desaparecimentos e 3.470 exílios forçados.

Integração – Em 5 de agosto, integrantes do Escritório de Memória Histórica e Reparação do Ministério de Justiça do Paraguai entregaram fragmentos ósseos de 16 dos 34 esqueletos recuperados à Embaixada da Argentina no Paraguai, que os encaminhou à Chancelaria argentina. Em seguida, integrantes da Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) fizeram estudos genéticos para obter a identificação dos esqueletos.

A identificação dos desaparecidos paraguaios marca o esforço dos países do MERCOSUL de apoiar e ampliar a busca da memória, da verdade, da justiça e da reparação. Assim como a Argentina julgou os delitos de lesa humanidade com a recente causa “La Perla”, a anistia no Brasil tem buscado reparar moral e economicamente as vítimas de violações de direitos humanos entre 1964 e 1988 e o Uruguai avança em seus processos de memória, justiça e reparação.

Apesar de que cada processo seja distinto e tenha suas particularidades, não se pode desconhecer que a última década tenha sido marcada pela articulação e coordenação dos países da região na busca da verdade. Assim como houve uma Operação Condor, que articulou a morte e o desaparecimento forçado de pessoas, hoje o esforço caminha no sentido contrário, pela memória, pela verdade pela justiça.

Com informações de Telam, Última Hora e Agência EFE.

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Projeto financiado com recursos do Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL
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